Poesia Vadia - sessão de Novembro
No último sábado do mês, neste caso Novembro, decorreu mais uma sessão de Poesia Vadia, como vem sendo habitual desde Março de 2003 (já lá vão mais de cinco anos... quem diria?).
Em breve contamos disponibilizar os videos deste encontro de amigos que têm em comum o gosto pela poesia.
Etiquetas: Poesia vadia de 29-11-2008
10 Comments:
At 4:51 da tarde, PreDatado said…
Quando é a próxima?
At 5:51 da tarde, Naeno said…
JOSÉ ALMADA
O poeta escrevia e refreava a inquietude
Para observar de uma posição doçura
Se o que havia feito eram versos ou pinturas.
O poeta catava das rosas o seu cheiro e ficava em êxtase,
Tirava das pétalas mais envelhecidas
Aquelas que fazem sombra ao galho
Suas tintas matizadas,
E aí compunha o resto do poema,
E sua escrita invariavelmente,
Era um contraponto no último nó
Na boca dos proclames das diferenças
Dos que contava nos dedos,
Proletário, bóia fria, indigente,
Negro alforriado, corações aperreados
Dos que têm sede, como ele sentia. Gente.
E por vê-los gente
E só ele os via no dia e na noite,
Não largava a tinteira,
E com os dedos borrados de cores que não mais se distinguia,
De que rosa tritura foram extraídos,
Ele, almado, talvez o que mais expusesse a sua,
Lançava pela janela papéis com inícios malogrados,
Tintas com os tons mais misturados.
E lágrimas, vertidas da nascente de sua alma.
At 5:53 da tarde, Naeno said…
COMPANHIA
Tudo chega ao mesmo tempo
À mesma hora.
Lembranças repetidas
Nas suas ordens de chegada.
Quando me quieto,
Depois do ritual de preparar-me
Para deitar.
Quando ponho a cabeça
E aqueço os panos por entre o corpo
Tudo chega,
Lembranças, tuas lembranças.
Que vêm como pássaros buscando ninho
Aquecer seus filhotes
Que ao dia receberam visitas rápidas,
De borboletas, restos de insetos,
Que só receberam ao bico,
Mas nenhum beijo.
At 5:55 da tarde, Naeno said…
MÃOS DE DEUS
Mãos de Deus dentro das águas.
Apurando cores, entre o céu e o mar
O Criador vai contornando
O tom da tinta original.
Ai, quanta tristeza
Ver que o futuro é só isso,
Os homens arrendando, descolorindo
Deus consertando, de novo.
Mãos de Deus dentro das matas
Replantando, o igual
Um verde que nunca conhecemos
De outras cores pontilhados.
Ai, que amargura
Viver a vida no futuro.
Coaxando numa lagoa,
Teremos nos atrevido mais.
Mãos de Deus do azul do céu
Michelangelo refazendo
O que terminou por contestar,
De azul e branco retocados.
At 5:56 da tarde, Naeno said…
ACASO
Acabo de gritar que te amo
E te mostrastes uma rocha vazada .
Passaram-se minhas intenções quietas
E ainda balança a folha... Essa me ama!
Do teu silêncio nada tirei.
Nem acresci a ele também nada.
De uma gota sequer, a por no olho
E nem vistes as minhas lágrimas
Voltando à nascente, as ilusões desfeitas,
E fica cheio meu coração novamente
Um coletivo de vexados passageiros
Trabalhadores que da pedreira retornam.
Acabo de falar para o silêncio
Que mesmo assim, te amo
E a resposta que eu tento
Não sai, não se torna invento,
E mais real fica a ilusão que alimento ainda:
Teu corpo de nuvem distante,
Singrando o céu inatingível.
Procuro por Deus e Ele, calmo
Me responde, não a mim, mas finca na minha alma
Que o amor é meu, que o amor sou eu
Que o amor que clamo não é amor de vez.
um beijo
At 5:57 da tarde, Naeno said…
ATÉ AMAR
Infinitamente belo
É qualquer gesto que tu faças
Como segurar presilha com a boca
Antes de arrumar os teus cabelos.
Quando te declinas a pegar no chão
Um chinelo, um pano, o que te incomoda.
Quando excitas antes de deitar
E abre a porta e vai lá fora olhar
Se nada há de errado ou fora do lugar.
Ai, amor! Só amando, com o bem que te quero
Sentindo-te ausente, ainda que perto,
Com os nossos olhos
Uns dentro dos outros.
E é com esse amor que a ninguém diz nada,
Mas que para mim é como divindade.
E nunca duvido, nem sequer pensar, me passa,
Por meus pensamentos, que ele é demais.
Jamais será assim, nunca sobrará.
Porque como o ar que me faz falta até na morte,
É muito forte, farto, não sobra e nem falta.
Já me declinei diante de ti
Ajoelhado diante de uma Santa.
E se alguém, que não convém, pensar
Julgar que amor assim não subsistirá
Alucinado, com as estrelas cândidas,
Saiba: é um liberto em queda livre
E que um amor como o meu não conta
Ninguém no mundo que já sentiu, falou.
um beijo
At 6:02 da tarde, Naeno said…
Eu gostaria de saber como me tornar um membro do Blog dos Poetas Almadenses.
Ficaria muito honrado.
Eu tenho um blog: www.poemusicas.blogspot.com.
Gostaria que vocês vissem a qualidade do meu trabalho e se tenho méritos para compor por vocês ESTA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE AMOR E ZELO À IMAGEM DE JOSÉ ALMADA, UM DOS MAIORES POETAS DA LÍNGUA PORTUGUESA.
naeno_rocha@hotmail.com
www.poemusicas.blogspot.com
At 6:04 da tarde, Naeno said…
Daime a honra de lhes externar o que tenho de carinho e admiração ao Poeta JOSÉ ALMADA
Beijos,
Naeno
At 6:09 da tarde, Naeno said…
CORPO DE MULHER
Um corpo de mulher como é.
É o mundo, a perdição de fazê-lo
Antes de existir sequer
Um beija-flor apaixonado.
Uma visão que se tem voando
Uma mulher vale,
Uma mulher montanha,
Uma mulher campina,
Uma mulher colina.
Caverna prazerosa
Onde se passa a chuva
E se aquece
E se esquece que ali
Vive-se a metamorfose
Do gozo inundado, por todo o universo.
Ela é tudo no seu lugar,
E tudo dentro dela
O emendo de vidas seriais.
Toda mulher é homem quando quer
Quando lhe toma o sexo
E o sai como reflexo.
O mundo tem a mulher como desejo:
O sol de passar a língua quente
Sobre o corpo dela.
A lua de soprar frio
Dentro de sua boca e toda estação.
O dia, o seu dia, todos que ela elegia.
Naeno
At 7:21 da manhã, Isabel Moreira Rego said…
Lindos estes poemas que aqui tivo o prazer de ler. Estes poemas creio de Naeno.
Parabéns!
Isa
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