BLOG DOS POETAS ALMADENSES

«A poesia é o espelho da cultura de cada país e nela se reflectem os estados de alma, anseios e aspirações... tudo o que diz respeito ao mais íntimo das pessoas, dos povos e da humanidade... que seja dita e cantada, que sirva para conectar para além do espaço das ideologias e dos sistemas, porque A POESIA É, FUNDAMENTALMENTE, UM ESPAÇO DE LIBERDADE.»

sexta-feira, agosto 11, 2006

Colecção Index-Poesis

Para que a poesia nunca mais ficasse aprisionada nas gavetas da memória, ou esquecida em folhas de papel que ninguém lê, nasceu o projecto INDEX POESIS, da autoria de Ermelinda Toscano, destinado à divulgação de trabalhos inéditos dos poetas amigos do C@fé com Letr@s, em Cacilhas, e que incluía, a publicação dos cadernos «Uma Dúzia de Páginas de Poesia» e, ainda, a edição de «marcadores de leitura» e a série «letras com o café», um poema para adoçar a bica e que todas as sextas-feiras e sábados era oferecido a quem pedia uma chávena do dito.

Durante cerca de dois anos, esta iniciativa transformou-se no “porto de abrigo” para os poemas que uma série de clientes do C@fé com Letr@s se dispunham a partilhar entre si. E, curiosamente, acabou por ser, também, um convite à imaginação de quem escreve incentivando muitos autores a produzirem mais e outros a descobrir talentos que desconheciam ter.

Os cadernos «Uma Dúzia de Páginas de Poesia», apesar de serem uma simples e despretensiosa edição caseira (feita, na íntegra, por Ermelinda Toscano, desde a maquetagem, ao grafismo, à digitalização de textos manuscritos, à impressão das folhas - formato A4 dobrado em A5 -, às fotocópias e dobragem e agrafamento dos cadernos), transformaram-se numa espécie de janela que se abriu sobre o campo fértil das palavras por publicar e acabaram por ser um dos grandes pólos de atracção das sessões mensais de «Poesia Vadia» onde eram apresentados.

Como se tratava de uma forma diferente de comunicar, sem pretensões de excelência literária, cada poema tinha o peso das emoções e a qualidade que o autor exigia a si próprio. Por isso, todos eram aceites e tratados de forma igual… fossem já poetas consagrados, e com vasta obra publicada, ou completos desconhecidos, como era a maioria.

O C@fé com Letr@s, e a colecção Index-Poesis eram, assim, um espaço de divulgação poética onde todos os contributos eram bem vindos e, por isso, facilmente se compreende que, nesse ambiente solidário e de respeito pelo trabalho de cada um, nascessem muitos amigos, entre os quais se contam os membros da equipa responsável pela organização deste I Encontro de Poetas Almadenses:
António Boieiro
Ermelinda Toscano
Henrique Mota
Luís Milheiro
Nogueira Pardal.

Todos eles, uns mais do que outros é bem verdade, sofrendo daquela doença que o Tó Boieiro colocou em título do seu primeiro livro (lançado, obviamente, no C@fé com Letr@s), e que é, tão só, ESCREVER!

Nos 46 volumes, individuais ou colectivos, que foram publicados, e que enumeramos num artigo à parte, colaboraram 39 poetas que nos ofereceram cerca de 500 trabalhos originais. Uma pirâmide de letras que foi crescendo, crescendo, crescendo e que não queremos que pare...

Embora a edição esteja suspensa há meses, por motivos de exclusiva limitação temporal da coordenadora (que, à semelhança de todos os intervenientes, participa neste projecto gratuitamente), todos pensamos que será possível retomar, talvez no 2.º semestre de 2006, a publicação regular dos cadernos até porque, nesta data, estão na nossa posse dezenas de poemas, quase duas centenas para ser mais exacta, de alguns poetas repetentes e, também, muitas caras novas, o que mostra o interesse crescente desta fanzine tão humilde mas que satisfaz as exigências de qualidade suficientes para funcionar como instrumento privilegiado de divulgação e dignificação da nobre arte que é a poesia.

A todos os que têm colaborado neste projecto, incluindo, como é óbvio, Ana Margarida Dias, a proprietária do C@fé com Letr@s (que, infelizmente para todos nós, vai encerrar já no final deste mês de Agosto, por motivos que não importa aqui referir), deixo o nosso MUITO OBRIGADA e o desejo que o projecto possa continuar num outro lugar, porque a poesia cabe em todo o lado.


Fotografia: A ponte é uma passagem, de Ermelinda Toscano