BLOG DOS POETAS ALMADENSES

«A poesia é o espelho da cultura de cada país e nela se reflectem os estados de alma, anseios e aspirações... tudo o que diz respeito ao mais íntimo das pessoas, dos povos e da humanidade... que seja dita e cantada, que sirva para conectar para além do espaço das ideologias e dos sistemas, porque A POESIA É, FUNDAMENTALMENTE, UM ESPAÇO DE LIBERDADE.»

quinta-feira, junho 28, 2007

Baleado*

Quem cala, consente
que a bala, Luís,
te atinja e à gente
e tinja, ensanguente
o País


Não nos calaremos
ó Luís Miguel
e tudo faremos
para que o fel
com que balearam
o teu corpo moço
o arranquemos dele
como se fora nosso


Há balas de morte
balas assassinas
horas de má sorte
por essas esquinas
em que a repressão
espreita monstruosa
de armas na mão
os que buscam norte
gritando-lhes NÃO


A vida não pára
a ciência avança
tu és jovem, ampara
nossa firme esperança
de um dia haver
quem te faça andar.
O mundo há-de querer
o crime reparar.


Mas nós que em paz
semeamos amor
que seja capaz
de um mundo melhor
a todos of’recer
cantamos-te, Luís:
que hás-de vencer
neste teu País


Não nos calaremos
ó Luís Miguel
e tudo faremos
para que o fel
com que balearam
o teu corpo moço
o arranquemos dele
como se fora nosso


* Este poema, de Alexandre Castanheira (publicado no seu livro Seis Sentidos e Mais...) foi dedicado ao jovem Luís Miguel Figueiredo que, na sequência dos protestos da população contra o aumento das portagens na Ponte 25 de Abril (em 24-06-1994), ficou paraplégico depois de ter sido atingido por uma "bala perdida" disparada por um agente das forças de segurança.

1 Comments:

  • At 6:39 da tarde, Blogger Debaixo do Bulcão said…

    Olá!
    Querem ver imagens do bloqueio da ponte 25 de Abril em 1994?
    Estão no Youtube (claro!) e também no meu blog

    vitorinices.blogspot.com

    António Vitorino

     

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