Num voo de garça
pode uma palavra ainda por
nascer
provocar o toque
desagradável
das coisas
pútridas ou
chegar ao rio e
afogar-se num
voo de garça
pela manhã
assim se entrelaçam na
vaga espera de
uma doce e
literária sinestesia.
“depois se verá”
dantes era o inverno
a fonte
onde as mais fortes
emoções
por mim passavam
como um rio molhando
a sábia terra
ávida e prenhe de cheiros
e sabores primeiros
agora me basta o verão
o mesmo que
floresce e
frutifica a figueira
que de branca cal
pinta o
átrio da
velha
igreja
que devolve ainda
o doce e protegido voo da
cegonha.
“enquanto o seu olhar”
enquanto o seu olhar perdido
navega na história
acrescenta pesadas e vagarosas
palavras
deixadas para trás neste campo
de batalha
haja quem diga na sua voz
despida
continuamos por aqui
esquecidos.
Sessão de poesia A Palavra e o Seu Corpo (poema e fotografia: Isidoro Augusto).
Etiquetas: A Palavra e o seu Corpo
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