quinta-feira, outubro 22, 2009
domingo, outubro 18, 2009
E lá se comeu a poesia toda...
Armando Correia, Director da Biblioteca Municipal Romeu Correia, abriu a sessão e Ermelinda Toscano, em nome dos Poetas Almadenses, explicou como iria decorrer a tarde.
Os primeiros 45 minutos foram ao estilo “poesia vadia” com os poetas presentes a declamarem os poemas que haviam trazido para partilhar com os amigos, havendo a destacar a presença de muitos autores que apareceram pela primeira vez.
Para surpresa de todos, a Ana Magalhães trouxe um amigo, o Toni, com a sua viola, que a acompanhou enquanto declamava e ainda nos brindou com uma canção. Ofereceu uma tarte de maçã e um jarro de sangria.
Eunice Figueiredo, técnica superior da Biblioteca e a responsável pela organização do evento em parceria com Ermelinda Toscano, encerrou esta parte explicando como nascera a ideia de fazer esta sessão.
Entretanto, cada um dos presentes tirou à sorte dois poemas da “cesta da poesia” e dirigiu-se à mesa para levantar os respectivos sabores. E foi um corrupio de gente entusiasmada a querer provar os poemas que lhe coubera.
A música de fundo convidava à descontracção. A alegria sentia-se no ar.
Nas paredes os quadros da exposição «Três olhares a mesma paixão pela cor», uma organização da SCALA em colaboração com a CMA, captou, também, o interesse de todos os presentes.
E aqui fica a fotoreportagem completa com quase cem imagens:
Nota final:
Queremos deixar aqui expresso, publicamente, o nosso sincero agradecimento à CMA, ao Director da Biblioteca e a todo o pessoal que colaborou nesta iniciativa, com particular destaque para Eunice Figueiredo, aos poetas presentes (muito em especial a Alexandre Castanheira, Nogueira Pardal, Ana Magalhães, Amélia, Manuel Delgado, Santos Zoio, Ofélia, Teresa David e Gertrudes Novais, além de outros que não se apresentaram e, por isso, não podemos citar os seus nomes mas cuja participação ficou registada nas imagens), à loja Doces da Mimi, ao Restaurante Chá & Guloseimas, ao Toni e a todos os que vieram ouvir-nos.
sexta-feira, outubro 16, 2009
Convite: sábado - 17h, venha "comer poesia"

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que puseste
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs na ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.
Natália Correia
Sentir o toque do mar imenso
inundar o espírito,
purificar o ser,
como se de água fosse feita a alma.
Descer às profundezas
de um abismo de cor,
deixar de pensar,
exorcizar a dor,
deslizar lentamente
sobre um céu de mil prantos
e ser um só com o mar.
Quando tenho saudades de ti
Não, não choro, não vale a pena
Pego na caneta, no papel
Invento as linhas de um poema.
Um poema, que fala, que sente
Que também tem sua voz
Um poema que diz
Amar é nunca estarmos sós.
Humberto Santos
A vontade com que me enlaças,
O beijo que me aquece,
Meu coração agradece
Tudo quanto por mim faças.
Pássaro solto na madrugada
Chilreando ao som da tua voz,
Canção cantada só para nós,
Numa melodia, doce, inspirada.
Amor! Longe, mas tão perto!
Como a imensidão do horizonte
Deixa-me beber em tua fonte,
Sem a aridez do deserto.
Dunas de branca areia,
De sol bem escaldante,
É para nós tão importante
A verdade que nos enleia.
Poder ao mundo gritar
Sem sentimento escondido,
A vida tem outro sentido,
É tão bom, assim amar.
Maria Gertrudes Novais
Entre
dois bocados
de mim
descubro
a tua sombra.
Imolo-me
no teu altar
e em fogo
puro
escrevo ... escrevo ...
Construo-te
e desenho-te.
Imagem
projectada
por mim
perpetuas-me
como sonho,
desenhas-me
a realidade.
António Alberto
Cantar é a luz que vem da fresta
Alumiar a vida de quem ama,
Fazer dum rio de mágoa um mar de festa,
É queimar a tristeza em doce chama.
Cantar é vencer a solidão
Ousar gritar quando se tem razão,
Mostrar a todos a força da canção!
Lutar é erguer a nossa voz
E mesmo quando nos sabemos sós
Ter a coragem de manter a fé!
Retórica de poeta sem talento,
A tentar mudar o mundo num momento
Sentado, só, à mesa do café!
A todos os amigos que na tarde do último sábado de cada mês se juntam no café, por amor à poesia!
Cacilhas, 31/05/2003
Nogueira Pardal
nem sempre as águas me levam
ao saber
eterno.
calmas
são as margens
do que sinto e do que vejo.
tão branco é o que escrevo.
Isidoro Augusto